Corvo marinho
Num pôr-do-sol duma tarde outonal junto ao Rio Arade, deparei-me com esta luta pela sobrevivência entre um corvo-marinho e uma pequena enguia.
Um, o predador, com quase tudo a seu favor, tentando matar a fome; o outro, a vítima, tão indefesa quanto a diferença de envergaduras deixava transparecer, procurando esquivar-se ao seu destino de ver sacrificada a sua vida a bem da existência do inimigo.
Corvo marinho
Apesar da vantagem evidente para o lado do mais poderoso, a enguia lutou tanto quanto pôde, de igual para igual, durante muitos minutos, muitos mesmo, tentando vender cara a derrota.
Por várias vezes, conseguiu libertar-se do bico voraz do seu verdugo e mergulhar apressadamente nas águas do rio.
Corvo marinho
Mas, inevitavelmente, voltava à tona na mesma situação de desvantagem, presa pela cabeça, desferindo, com a parte posterior, fortes golpes no vazio, tentando, em vão, atingir quem a violentava.
O desfecho é desnecessário descrever. O destino estava marcado. Mas, a sua atitude de persistência e empenho na luta por algo quase inantingível tocou-me. Nem só as árvores morrem de pé e alguns humanos com honra...
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